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 Você sabe o que tem em comum entre uma turbina eólica, uma televisão, um automóvel, um microcomputador e um celular? Todos dependem dos elementos chamados de Terras Raras. Você já ouviu falar sobre esses valiosos itens?

            Chamados por alguns de “o ouro do século XXI”, por sua raridade e valor econômico, as Terras Raras são metais que servem de matéria-prima essencial para itens de alta tecnologia. Localizá-los com o grau de pureza e concentração necessárias é uma tarefa difícil, por isso são tidos como raros. Entre as características de maior destaque estão a condução de calor e eletricidade, além do fato de se tratarem de estruturas que são altamente magnetizáveis.

              Para se ter uma ideia são tão importantes, quanto o carvão era no contexto da Revolução Industrial. São minérios que garantes características únicas a diversos tipos de ligas metálicas, como os iPhones, carros híbridos, lasers, entre outros. É importante não fazer confusão entre Terras Raras e metais raros, como são a prata e o ouro.

                Os Estados Unidos já detiveram a primazia do mercado de Terras Raras, mas desativaram grande parte de suas minas. A partir desse momento, os chineses começaram, a partir da década de 1980, a ampliar sua influência em tal mercado.

                Assim, o mercado – valiosíssimo – de Terras Raras é controlado em quase sua totalidade – 97% – pela China, sendo baseado na região da Mongólia Central – Baiyun ‘Ebo – onde fica a maior mina de Terras Raras do planeta. No ano de 1992 se atribuiu ao líder do Partido Comunista à época – Deng Xiaoping – que “se Oriente Médio conta com petróleo, nós [os chineses] temos elementos Terras Raras”.

                A razão para o crescimento chinês não é outro, senão a mão de obra super barata e baixas restrições relacionadas ao meio ambiente e à sustentabilidade.  Na verdade, há um outro efeito por trás da restrição: os preços acabaram disparando, graças à escassez. Para se ter uma pequena ideia, um kg de óxido de lantânio, que  poderia ser comprado por apenas US$ 4, agora está sendo cotado por valores superiores a US$ 150 – cerca de R$ 320.

                O consumo desses minerais, em todo o mundo, chega a 150 mil toneladas, consumidas por ano; e só parece crescer.

Brasil

                O Brasil é um dos países com maior reserva de Terras Raras. Na década de 1960 as minas foram estatizadas e começaram a não ser tão exploradas, embora à época o Brasil tivesse tecnologia tanto para promover a extração quanto o processamento. Elementos como a Monazita pode ser facilmente encontrada, por exemplo, em praias capixabas ou baianas.

                Certas empresas, atualmente, estudam voltar à extração desses minérios no país, mas sem um prazo estabelecido, até o momento.

                O conjunto de Terras Raras chega a 17, em sua totalidade, mas a seguir serão apontados apenas os tipos mais conhecidos.

-Neodímio

                É um mineral altamente magnético e permite que alto-falantes sejam fabricados em tamanhos cada vez mais reduzidos, mas que contem com muita potência de som. O mesmo ocorre com os HDs – ou discos rígidos, os locais onde armazenamos informações digitais, em computadores e afins – sejam também cada vez menores, mas também ganhem em velocidade de transferência de dados.

                Além disso, o neodímio é utilizado para a produção do tipo de ímã com mais poder do mundo. Essa afirmativa encontra amparo no seguinte exemplo: se fizerem um ímã, utilizando Neodímio, do tamanho de uma moeda, e o colocarem em contato com uma geladeira, não conseguiríamos retirá-lo.

                Inclusive, é graças à aplicação de neodímio em celulares, que esses aparelhos podem vibrar.

                2 toneladas de Neodímio são necessárias para a construção de uma unidade de turbina eólica – importante geradora de energia sustentável.  O elemento é necessário pelo fato de a turbina necessitar do poder magnético do elemento.

-Lantânio

                É um minério utilizado frequentemente em lentes seja de câmeras ou de telescópios, para maior acuidade visual. Além disso, é bem importante para o refinamento de petróleo, no contexto de um processo que se chama de craqueamento. O objetivo do mesmo é o de promover a quebra de moléculas de peso elevado e baixo valor comercial no combustível, transformando-as em moléculas leves e de maior valor.

-Praseodímio

                É utilizado na criação de metais de grande resistência, cuja aplicabilidade ocorre em motores de aviões e aeronaves semelhantes.

Desvantagens

                É preciso ressaltar que os elementos Terras Raras são de difícil extração, tóxicos, poluentes, e, em muitos casos, radioativos.

                O impacto ambiental resultante da extração de Terras Raras é imenso: além de a mineração desse tipo de material, em geral, ser realizada em locais a céu aberto, a cada 1 tonelada de material extraído, há o desgaste de 300m² de solo perfeitamente arável.

                O uso de produtos químicos como o sulfato de amônia tendem a se infiltrar no solo, causando contaminação de lençóis freáticos e reduzindo a fertilidade do solo.

Perspectivas atuais da extração de Terras Raras

                A  China, somente no ano de 2010, fez uma exportação de algo em torno de 39 mil toneladas de Terras Raras. O governo chinês agora tem limitado a exportação de Terras Raras a 30.258 toneladas anuais. Essa decisão foi tomada, segundo declarações oficiais, como o objetivo de preservar o meio ambiente.

                Uma pergunta assola o mundo: vários países, incluindo o Brasil, têm suas reservas de Terras Raras, mas será que acham que devem explorá-las comercialmente, mediante os custos ambientais desse processo?  Atualmente, o movimento é no sentido de Estados Unidos e Austrália extraírem o material, para enfrentar as restrições chinesas.

                Vamos acompanhar, com a esperança de que tais países tenham consciência para decidir com sensatez sobre esse assunto tão delicado.

Fonte: http://tecnicoemineracao.com.br/

Terras Raras: Mercado e Suas Aplicações.

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